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Prefeitura dá mais 60 dias para Teatro de Contêiner desocupar imóvel no Centro de SP

Marieta Severo critica ação da GCM contra Teatro de Contêiner A Prefeitura de São Paulo deu nesta quinta-feira (21) mais 60 dias para o Teatro de Contêiner...

Prefeitura dá mais 60 dias para Teatro de Contêiner desocupar imóvel no Centro de SP
Prefeitura dá mais 60 dias para Teatro de Contêiner desocupar imóvel no Centro de SP (Foto: Reprodução)

Marieta Severo critica ação da GCM contra Teatro de Contêiner A Prefeitura de São Paulo deu nesta quinta-feira (21) mais 60 dias para o Teatro de Contêiner Mugunzá, no Centro da cidade, desocupar o imóvel que pertence à administração municipal. A decisão ocorre em meio a críticas sobre a truculência da Guarda Civil Metropolitana contra artistas na terça-feira (19). O prazo inicial para a desocupação era nesta quinta. O teatro ocupa um terreno localizado entre as ruas General Couto Magalhães, dos Gusmões e dos Protestantes, onde ficava o "fluxo" da Cracolândia, na região central de São Paulo. "Depois de já ter oferecido três áreas legalizadas para o Teatro de Contêiner Mungunzá, que não cumpriu três ofícios para saída do terreno municipal ocupado irregularmente, a Prefeitura de São Paulo outorga nesta data, 21/08/2025, AUTORIZAÇÃO DE USO POR NO MÁXIMO 60 DIAS (até 20 de outubro deste ano)", diz a nota. A Prefeitura diz que quer revitalizar a região, inclusive com a construção de um prédio de habitação de interesse social. Também nesta quinta, a atriz Marieta Severo criticou e comparou com a ditadura militar a ação truculenta da GCM contra os artistas do Teatro de Contêiner e membros da ONG Tem Sentimento. (Veja acima.) ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Na terça-feira (19), agentes da GCM invadiram o espaço, usaram spray de pimenta contra os artistas e tentaram retirar integrantes da companhia à força. A ação foi registrada por testemunhas. Em vídeo publicado nas redes sociais, a atriz classificou a ação dos guardas como lamentável: "me remeteu aos piores tempos de uma ditadura, que eu vivi, onde os teatros eram invadidos, onde os atores eram ameaçados". Quero deixar aqui a minha tristeza profunda por esse momento, e a minha vontade, a minha esperança de que isso não aconteça mais no Brasil. Não há mais espaço para isso. Nós vivemos uma democracia plena, precisamos dela, gostamos dela, queremos viver nela. E esse tipo de cena não compactua, não pode acontecer na democracia, na liberdade que a gente precisa, principalmente nas nossas artes, na nossa cultura. A polêmica mobilizou outros nomes do mundo artístico. Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz por “Ainda Estou Aqui”, enviou uma carta ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), pedindo a permanência do teatro no endereço atual, segundo a Folha de S.Paulo. Em junho, sua mãe, Fernanda Montenegro, considerada a dama do teatro brasileiro, também havia apelado a Nunes para suspender o despejo em carta publicada nas redes sociais. Marieta Severo critica ação da GCM contra artistas Reprodução Ministério Público O Ministério Público de São Paulo pediu na quarta-feira (20) para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) explicar a ação truculenta da GCM contra os artistas do Teatro de Contêiner e membros da ONG Tem Sentimento. O MP se posicionou em relação a um pedido feito pelo mandato do deputado Guilherme Cortez (PSOL). A Prefeitura informou, por meio de nota, que como houve recusa na desocupação de um imóvel ao lado do teatro, "foi necessária uma intervenção da Guarda Civil Metropolitana (GCM)" (leia mais abaixo). Em 6 de agosto, o teatro — considerado referência cultural na cidade de São Paulo — recebeu mais uma notificação para desocupar o terreno. O prazo termina nesta quinta-feira (21), e a companhia ainda não sabe para onde vai. O impasse entre a gestão municipal e o grupo se arrasta desde agosto de 2024. No ofício, o promotor Paulo Destro questiona quem foi o responsável por autorizar a "intervenção" de agentes da GCM com agressões físicas e ameaças com armas letais no terreno e se existe algum mandado judicial ou ordem administrativa, que justifique a ação truculenta. GCM joga spray de pimenta em membros do Teatro de Contêiner que ocupavam prédio em terreno Além de Nunes, também foram oficiados o subprefeito da Sé, Marcelo Vieira Salles e o superintendente do Comando-Geral da GCM, Jairo Chabaribery Filho. Eles têm o prazo de 10 dias para se manifestar. O MP-SP também instaurou um inquérito civil para investigar Nunes por possível improbidade administrativa por conta da ordem de despejo. (Leia mais abaixo.) Teatro de Contêiner Mungunzá Reprodução O que diz a prefeitura "Depois de já ter oferecido três áreas legalizadas para o Teatro de Contêiner Mungunzá, que não cumpriu três ofícios para saída do terreno municipal ocupado irregularmente, a Prefeitura de São Paulo outorga nesta data, 21/08/2025, AUTORIZAÇÃO DE USO POR NO MÁXIMO 60 DIAS (até 20 de outubro deste ano), obedecendo a lei orgânica do Município, no artigo 114, parágrafo 5º. Neste prazo, o teatro deve tomar as providências de transferência da Rua General Couto de Magalhães para um novo local. Ao mesmo tempo, a administração ofereceu também nesta quinta-feira mais uma área para que o grupo se instale de forma legalizada. Com isso, a Prefeitura, desde agosto do ano passado, quando começou a negociar com o teatro, já ofereceu quatro importantes terrenos na região central para a manutenção de suas atividades. A administração encaminhou hoje à direção do Mungunzá documento em que oferece uma área de 1.043 metros quadrados, na altura do número 807 da Rua Helvétia, área ao lado da Avenida São João e a menos de um quilômetro de distância de onde hoje funciona o Mungunzá, atendendo assim a principal reivindicação do grupo que é de permanência naquele território. O endereço fica também a 100 metros de onde será instalado o Coletivo Tem Sentimento, que hoje funciona também na área ocupada irregularmente e que passará a agora a ter o espaço legalizado. O novo terreno oferecido ao Mungunzá tem 41 metros de frente e 24 metros de fundo, tamanho que permite a plena execução de suas atividades. A Prefeitura já havia oferecido outros três espaços durante os meses de negociação: um na Rua Conselheiro Furtado, na região da Sé, outro na própria Rua Helvétia, e ainda uma área na Rua João Passaláqua, na região do Bixiga, área reconhecida como um dos polos teatrais da cidade. A Prefeitura de São Paulo reitera ainda já ter aportado R$ 2, 5 milhões em apoio às atividades do grupo. Com a transferência, a Prefeitura de São Paulo irá revitalizar a região, inclusive com a construção de um prédio de habitação de interesse social." Projeto da Prefeitura de SP. Reprodução Nunes alvo de inquérito Em junho, o Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para investigar Ricardo Nunes por possível improbidade administrativa na ordem de despejo contra o Teatro de Contêiner Mungunzá e a ONG Tem Sentimento. Além do prefeito, o secretário de Cultura Totó Parente, a secretária de Direitos Humanos Regina Célia da Silveira Santana e o subprefeito da Sé Marcelo Vieira Salles também são alvos da investigação. Segundo o promotor de Justiça Paulo Destro, o MP apura possível "desvio de finalidade ou abuso de poder" de Nunes e dos secretários e "a violação de princípios constitucionais da Administração Pública e dano ao erário e ao patrimônio público e social". A Promotoria também questiona a ausência de diálogo com os coletivos e a possível omissão no reconhecimento do valor cultural do teatro, além de reiterar que é dever da administração pública proteger o patrimônio público e social. Segundo a prefeitura, serão construídas no terreno ocupado pelos coletivos moradias para pessoas de baixa renda. Contudo, segundo o MP, "não há informações detalhadas sobre o referido projeto pela municipalidade". Qual a localização dos coletivos Crocri do terreno em processo da Prefeitura de SP. Reprodução O terreno pertence à gestão municipal e está atrelado a uma construção abandonada ligada ao muro que cercava a Cracolândia e à cena de uso da Luz, que está vazia há mais de duas semanas. Os coletivos ficam no triângulo entre as ruas General Couto Magalhães, dos Gusmões e dos Protestantes.