Lenda urbana e personagens carismáticos: 'O Agente Secreto' encanta baianos com narrativa envolvente sobre tema sensível
Hermila Guedes, Licínio Januário, Wagner Moura, João Vitor Silva e Isabél Zuaa em cena de 'O agente secreto' Divulgação O filme "O Agente Secreto" estre...
Hermila Guedes, Licínio Januário, Wagner Moura, João Vitor Silva e Isabél Zuaa em cena de 'O agente secreto' Divulgação O filme "O Agente Secreto" estreou nesta quinta-feira (6), nos cinemas de todo o Brasil, e os soteropolitanos que assistiram ao filme em primeira mão estão animados com as chances do longa-metragem no Oscar 2026. A pré-estreia do filme aconteceu em Salvador, no Cine Glauber Rocha, na última terça-feira (4) e muitos baianos saíram das sessões encantados com a produção e esperançosos com a premiação internacional. Com a elogiada atuação de Wagner Moura, que protagoniza a produção, o filme dirigido por Kleber Mendonça Filho tem uma sensibilidade única para tratar da censura de um Brasil em meio a Ditadura Militar (1964-1985), utilizando mix de thriller e mistério policial para tal. A história acompanha o protagonista Marcelo, professor universitário que volta para Recife a fim de fugir de um passado misterioso. Com uma um fim nada convencional, o filme causou um impacto potente e silencioso em quem assistiu. 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Triste, cômico e pirraçento, a narrativa toca em uma ferida antiga e natural a todo brasileiro: a impunidade. Para Mariane Bandeira, de 29 anos, esse é um dos aspectos mais fortes da obra e apresenta o jeito brasileiro de lidar com traumas. "É difícil de explicar, é essa coisa que vai acontecendo tão impune que a gente só tem que rir. Pra recontar as coisas a gente tem que rir, ser brasileiro e ter a pirraça", disse, em entrevista ao g1. Mariane Bandeira, de 29 anos, assistiu ao filme duas vezes durante o dia de pré-estreia em Salvador. Iamany Santos/g1 Nunca mencionado, o sistema ditatorial vivido pelo povo brasileiro em 1977, ano em que se passa o filme, acompanha os personagens o tempo todo. Um dos pontos mais chamativos do longa é a narrativa paralela da lenda urbana da "pena cabeluda", que atacava pessoas nas praças da cidade. "O jeito como Kleber construiu a narrativa foi envolvente [assim como] as metáforas que ele usa, como a da 'perna cabeluda' para caracterizar a ditadura. Porque fica subentendido que aquilo na verdade era a abordagem policial na época, eu adorei", opinou Maria Magalhães Santos, de 32 anos, ao sair da pré-estreia do filme. Fã de Wager Moura, Maria Magalhães confia no filme como representante do Brasil no Oscar 2026. Iamany Santos/g1 As histórias utilizadas para marcar o período histórico durante o filme também fortaleceram a narrativa, que encanta através dos personagens carismáticos. Um dos mais impactantes é dona Sebastiana, vivido pela atriz Tânia Maria e desenhado especialmente para ela. No longa, a atriz de 78 anos dirigi um prédio cheio de "refugiados" do sistema ditatorial. Com um jeito simples, direto e engraçado, a personagem tem marcado quem assistiu ao filme com o melhor do jeitinho brasileiro (e nordestino) de ser. O clima leve e engraçado criado pela personagem deixa até mesmo as histórias mais tristes, que acompanham cada morador do refúgio, mais fáceis de digerir. "Acho que a contextualização da época da ditadura é importante para a gente saber que contexto histórico bizarro foi aquele e por que que tudo aquilo aconteceu, que todas aquelas pessoas morreram e o quanto a gente não pode esquecer", enfatizou Laís Castro, de 36 anos. Laís Castro (de vermelho) assistiu o filme acompanhada e ficou impactada com as estratégias para reviver o horror do perído da Ditadura no Brasil. Iamany Santos/g1 Kleber Mendonça enfatiza importância do filme para valorização do cinema nordestino Conhecido por grandes obras como "O Som Ao Redor" (2012), "Aquarius" (2016) e "Bacurau" (2019), Kleber Mendonça Filho sempre foi um diretor que valoriza o nordeste em suas narrativas. Ao g1, o pernambucano pontuou que observa uma diferença na repercussão de produções feitas na região. "Acho que ainda existem barreiras culturais e econômicas que tendem a separar o Brasil e eu nunca entendi o porquê disso", analisa. O Kannalha, Wagner Moura, Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux participaram da pré-estreia de 'O Agente Secreto', em Salvador Iamany Santos/g1 Com a repercussão de "O Agente Secreto", o cineasta acredita que o Brasil avançou "uma casa" na valorização do cinema nacional e nordestino. "No sentido de normalizar a presença do Nordeste, porque eu acho que [a região] ainda é retratada de maneira verticalizada". O longa-metragem brasileiro disputa a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2026, vencida pelo brasileiro "Ainda Estou Aqui" na premiação deste ano. A partir desta quinta, o diretor e toda a equipe envolvida no filme passam a viajar promovendo a história em meio à corrida pela premiação, uma das mais importantes do cinema internacional. LEIA MAIS Wagner Moura começou a carreira no teatro em Salvador quando ainda era adolescente; relembre a trajetória 'O baiano tem o molho': O Kannalha exalta baianidade em hit que embala torcida por Wagner Moura em corrida pelo Oscar Wagner Moura volta ao teatro após 16 anos com peça que terá participação do público e finais que podem mudar a cada exibição Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia💻