Exonerações, denúncia de assédio moral, novo chefe: entenda crise na GCM de Araraquara
Danilo Soler comandou GCM de Araraquara por oito meses Divulgação A Guarda Civil Municipal (GCM) de Araraquara (SP) vive período conturbado em meio a uma sé...

Danilo Soler comandou GCM de Araraquara por oito meses Divulgação A Guarda Civil Municipal (GCM) de Araraquara (SP) vive período conturbado em meio a uma série de exonerações motivada pela destituição do agora ex-comandante Danilo Soler, que alega assédio moral e pressão política por parte do governo municipal. A corporação passa a ser comandada por Sírio Santos (leia abaixo). 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram Ao todo, cinco agentes de confiança entregaram os cargos em apoio a Soler, que denunciou o caso nas redes sociais. Nesta quinta-feira (18), o Sindicato de Servidores Municipais de Araraquara (Sismar) encaminhou ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) reafirmando as declarações do ex-chefe da GCM. Essas, no entanto, não foram consideradas válidas em um primeiro momento pelo MPT (entenda abaixo). Procurada, a administração municipal não quis comentar o teor das denúncias, mas ressaltou que o cargo de comandante da GCM é função de confiança do chefe da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana, vaga atualmente ocupada pelo Coronel Adalberto José Ferreira. A reportagem procurou o ex-comandante Danilo Soler e o secretário Adalberto Ferreira, mas ambos não haviam se pronunciado até a publicação do texto. Abaixo, o g1 explica o que você precisa saber sobre esse momento de crise: Comandante é destituído Danilo Soler utilizou as redes sociais nesta quinta-feira (18) para comentar a destituição do cargo. Ele ficou à frente da GCM por oito meses. Segundo o ex-chefe, a “exoneração não está vinculada a questões técnicas ou de desempenho, mas sim a princípios que sempre norteiam minha vida pública e profissional”. Ele cita, ainda, não ter ficado de acordo com as seguintes situações: Praticar ou compactuar com perseguições a servidores; Situações que ferissem o interesse público ou não estivessem alinhadas à missão da GCM; A lógica da vaidade política, que não deve se sobrepor ao trabalho sério e ao compromisso com a sociedade; Mentiras e distorções em programas sérios e fundamentais, como a Patrulha Maria da Penha, o Câmera Cidadã e a Muralha Paulista, que devem ser tratados com a verdade e transparência que a população merece. Em nota enviada à imprensa na quinta, a Prefeitura ressaltou que Danilo Soler segue integrando o quadro da corporação, agora não mais à frente dela. Mais notícias da região: INVESTIGAÇÃO: Professora é afastada após denúncia de agressão contra aluna de 2 anos em creche de Rio Claro APREENSÃO: Polícia Federal apreende adolescente com R$ 1mil em notas falsas em Porto Ferreira TRISTEZA: Acidente na SP-215 mata motorista e deixa 4 pessoas feridas em Santa Cruz das Palmeiras Saída coletiva GCM de Araraquara Amanda Rocha/A Cidade ON/Araraquara Em nota publicada nas redes sociais, o Sismar alegou que a administração municipal utiliza de fatores como assédio moral e perseguição como ferramentas de gestão. “O assédio no ambiente de trabalho traz consequências trágicas não só para a vítima, mas para todo o setor e inclusive gera gastos para o Estado, com afastamentos e ações judiciais”, contou. A reportagem teve acesso ao pedido de exoneração coletiva protocolado pelos cinco agentes de confiança. Os servidores tiveram exoneração publicada nesta sexta-feira (19) em edição extraordinária do Diário Oficial. Eles acusam o secretário Adalberto Ferreira de ingerência direta nas rotinas administrativa e operacional da Guarda. “Manifestamos, ainda, nosso apoio e solidariedade ao ex-Comandante da Guarda Civil Municipal, Danilo João de Oliveira Soler, recentemente exonerado sem que tal ato tenha partido de seu próprio pedido. Reconhecemos em sua gestão compromisso, dedicação e resultados expressivos, que dignificaram a instituição e valorizaram seus integrantes”, afirmam os agentes no pedido. Os servidores exonerados a pedido atuavam em áreas como corregedoria, subcomando e inspeção. Assim como Soler, eles seguem no quadro da GCM. Despacho do MPT O procurador do trabalho Rafael de Araújo Gomes Reprodução/EPTV Em resposta ao ofício encaminhado pelo sindicato, o procurador Rafael de Araújo Gomes considerou que a postagem feita por Soler "não corresponde a uma denúncia da prática de assédio moral". "Pelo contrário, o ex-comandante afirma que não teria aceitado praticar tal conduta, a sugerir que ela não teria ocorrido enquanto ocupava o cargo de comando, e nada diz sobre a situação no setor após seu afastamento", escreveu o procurador no despacho. A denúncia havia sido feita no âmbito da execução do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MPT e a Prefeitura de Araraquara. No texto, acordado em 2011, a prefeitura se comprometeu a coibir casos de assédio moral no governo. Segundo o Sismar, uma nova denúncia, considerada mais robusta, deve ser encaminhada ao MPT na segunda-feira (22). Novo comandante Sírio Santos, novo comandante da GCM de Araraqura Divulgação A Prefeitura de Araraquara anunciou a nomeação do novo comandante da GCM, Sírio Santos Magalhães Júnior, em portaria publicada em edição extraordinária do Diário Oficial, na última quinta. “Com a nomeação, a gestão reforça a importância da Guarda Civil Municipal no trabalho de proteção e cuidado com a cidade, fortalecendo a segurança e o bem-estar da população”, disse a prefeitura, em nota. Veja íntegra da nota divulgada pelo ex-comandante da GCM Danilo Soler: "Ao deixar a função de Comandante da Guarda Civil Municipal de Araraquara, sinto a responsabilidade de prestar esclarecimentos à sociedade e à corporação. Minha saída do cargo não está vinculada a questões técnicas ou de desempenho, mas sim a princípios que sempre norteiam minha vida pública e profissional. Não aceitei: • Praticar ou compactuar com perseguições a servidores; • Situações que ferissem o interesse público ou não estivessem alinhadas à missão da GCM; • A lógica da vaidade política, que não deve se sobrepor ao trabalho sério e ao compromisso com a sociedade; • Mentiras e distorções em programas sérios e fundamentais, como a Patrulha Maria da Penha, o Câmera Cidadã e a Muralha Paulista, que devem ser tratados com a verdade e transparência que a população merece. Durante o período em que estive à frente da corporação, a GCM conquistou resultados inéditos. Nunca em sua história a instituição esteve em tanto destaque positivo, reconhecida pela imprensa, pela população e refletida em estatísticas recordes de atuação. Esses resultados não aconteceram por acaso, mas sim fruto de uma gestão operacional voltada ao que é justo, correto e de real interesse da sociedade. É importante destacar que toda a cadeia de comando formada por cargos de carreira — incluindo Subcomando, Corregedoria e Inspetores — também está pedindo exoneração a pedido, em solidariedade e em defesa dos mesmos princípios e por nao corroborarem com a postura do atual secretário. Reitero meu respeito absoluto a todos os guardas civis municipais, que diariamente se dedicam com profissionalismo e coragem à proteção da população. Minha saída não significa afastamento do compromisso com a segurança pública, mas reafirma que princípios e valores não podem ser negociados". Veja íntegra da nota divulgada pela Prefeitura de Araraquara: "A Prefeitura Municipal de Araraquara informa que o cargo de Comandante da Guarda Civil Municipal é de função de confiança do Secretário da pasta - Secretaria de Segurança Pública, e sua nomeação ou dispensa é de responsabilidade exclusiva de seu representante, Cel. Adalberto Adalberto José Ferreira. Vale ressaltar que o servidor Danilo Soler segue integrando o quadro da GCM, apenas não exerce mais a função de comando". Veja íntegra da nota divulgada pelo Ministério Público do Trabalho “O Ministério Público do Trabalho recebeu, no dia 18 de setembro de 2025, ofício encaminhado pelo SISMAR relatando possível prática de assédio moral contra servidor público municipal, juntando ao documento uma postagem de redes sociais que, supostamente, comprovaria tal ato. Contudo, após análise da manifestação sindical, bem como da suposta prova, o procurador oficiante concluiu que a referida postagem em redes sociais “não corresponde a uma denúncia da prática de assédio moral”, e que, por isso, “não há providências a serem tomadas” relativas à execução de TAC ou à instauração de novo inquérito. O MPT continuará acompanhando a conduta do ente municipal com relação às providências tomadas para combate e prevenção ao assédio moral, conforme anuído em TAC pelo Município desde 2011”. REVEJA VÍDEOS DA EPTV: t Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara