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Professor de Sociologia aponta temas atuais que podem cair no Enem

Analisar questões que já caíram em edições anteriores é uma das dicas José Cruz/Agência Brasil As questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias que ...

Professor de Sociologia aponta temas atuais que podem cair no Enem
Professor de Sociologia aponta temas atuais que podem cair no Enem (Foto: Reprodução)

Analisar questões que já caíram em edições anteriores é uma das dicas José Cruz/Agência Brasil As questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias que que caem nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) têm o objetivo desenvolver a compreensão crítica da sociedade, das instituições e relações sociais. Com a proximidade da edição 2025, o professor do Colégio Nacional, Rogério Ribeiro, destaca aspectos dessa área que deverão cair na prova. De acordo com o especialista, o estudante é instigado a utilizar conhecimentos sociológicos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. “Identificar o papel dos movimentos sociais na conquista de direitos. Analisar as transformações socioculturais e econômicas no mundo contemporâneo. Compreender as relações de trabalho, produção e desigualdade social. Avaliar o papel da cultura, da ideologia e da comunicação na construção da identidade social”, explica. Ao analisar as questões sociológicas de edições anteriores do Enem, destaca o professor, a maior parte das perguntas propõe reflexões sobre a Sociedade Brasileira e os Desafios da Modernidade. Alguns tópicos comuns: cidadania, democracia e movimentos sociais. Desigualdade social, pobreza e exclusão. Trabalho, capitalismo e globalização. Cultura, identidade e diversidade. Família, gênero e relações étnico-raciais. Tecnologia, redes sociais e comportamento. Pensadores brasileiros e a sociologia contemporânea Ainda segundo Rogério, a sociologia contemporânea se dedica a compreender as complexas transformações sociais do mundo atual. “Vivemos um tempo de profundas contradições: avanços tecnológicos e científicos convivem com desigualdade, violência, intolerância, crises ambientais e o enfraquecimento dos laços comunitários”, pontua. As “dores” da sociedade contemporânea, acrescenta, incluem a precarização do trabalho, a exclusão digital, a ansiedade social, o racismo estrutural e o individualismo exacerbado. “Essas questões exigem do olhar sociológico uma postura crítica e empática, capaz de interpretar como as estruturas econômicas e culturais moldam as experiências humanas. A Sociologia contemporânea também se preocupa com os impactos das redes sociais, das novas formas de poder e das pautas identitárias na construção de uma cidadania ativa e inclusiva”, explica. Autores mais referenciados nas questões Florestan Fernandes: destaca-se por suas análises sobre o negro na sociedade brasileira, criticando o mito da “democracia racial”. Defendeu que a verdadeira inclusão social depende de uma transformação estrutural. Gilberto Freyre: em “Casa-Grande & Senzala”, descreve a formação social do Brasil a partir da miscigenação entre indígenas, africanos e europeus. Sua visão culturalista enfatiza a convivência e a herança luso-brasileira. Darcy Ribeiro: em “O Povo Brasileiro”, analisa a formação e a diversidade cultural do Brasil, destacando os indígenas e as desigualdades sociais que marcam a estrutura nacional. Sérgio Buarque de Holanda: em “Raízes do Brasil”, desenvolve o conceito do “homem cordial”, revelando traços culturais e afetivos que explicam a sociabilidade brasileira. Caio Prado Jr.: em “Formação do Brasil Contemporâneo”, estuda a colonização e sua influência na estrutura social e econômica brasileira. Defendeu a necessidade de elevar o nível cultural e educacional da população. Roberto DaMatta: em “O que faz o Brasil, Brasil?”, explora o “jeitinho brasileiro”, as festas populares e a cultura do cotidiano, como expressões da identidade nacional. Marilena Chauí: reflete sobre ideologia, autoritarismo e cidadania, defendendo a dignidade do pensamento crítico frente às estruturas de poder e dominação. Aplicações no Enem Ainda segundo o professor, os textos e questões de Sociologia no Enem frequentemente pedem que o estudante: Relacione conceitos sociológicos com problemas atuais. Analise desigualdades raciais, de gênero ou econômicas sob óticas críticas. Interprete o papel da cultura e da mídia na formação de valores e comportamentos. Reflita sobre o papel dos movimentos sociais e das políticas públicas. O professor Rogério Ribeiro propõe que o estudante se dedique ao pensameto crítico e diz que pensar sociologicamente é compreender que a sociedade é uma construção coletiva, feita de histórias, de contradições e de lutas. Cada fenômeno social — da desigualdade à cultura digital — reflete escolhas, poderes e valores que moldam nosso cotidiano. “O Enem valoriza o olhar crítico, capaz de conectar teoria e realidade. Isso significa ir além da memorização de conceitos e compreender como as ideias de autores como Durkheim, Weber, Marx ou Florestan Fernandes explicam os problemas do mundo atual. Quando o estudante interpreta uma questão sobre racismo, gênero, trabalho ou cidadania e reconhece ali o funcionamento das estruturas sociais, ele está aplicando o verdadeiro raciocínio sociológico”, acrescenta. A prova de Sociologia, pondera o professor, busca o estudante que lê o mundo com consciência, que entende que não há fenômeno social neutro, e que cada dado, imagem ou texto expressa uma relação de poder, um valor cultural, uma visão de sociedade. “Por isso, desenvolver um olhar crítico é também desenvolver empatia, responsabilidade e capacidade de transformar o mundo — e é isso que torna a Sociologia tão necessária para o nosso tempo”, finaliza.