Especialista explica que manchas funcionam como impressões digitais da onça-pintada

Motorista é surpreendido ao flagrar onça-pintada em estrada de São Miguel Arcanjo Um motorista flagrou uma onça-pintada enquanto passava por uma estrada do ...

Motorista é surpreendido ao flagrar onça-pintada em estrada de São Miguel Arcanjo Um motorista flagrou uma onça-pintada enquanto passava por uma estrada do Parque Estadual Carlos Botelho, em São Miguel Arcanjo (SP), na sexta-feira (12). O animal, considerado o maior felino das Américas, tem pelagem amarelada, com manchas em forma de rosetas pretas. Em alguns casos, no entanto, pode apresentar a pelagem totalmente escura por causa do melanismo. Ao g1, o biólogo Thiago Luiz Parra de Godoi, de Cerqueira César (SP), explicou que cada onça possui uma formação única dessas manchas, que funcionam como impressões digitais. 📲 Participe do canal do g1 Itapetininga e Região no WhatsApp 🐆 Maior felino das Américas No vídeo registrado pelo motorista na região de Itapetininga (SP), o animal encara a câmera. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (Semil) e a Fundação Florestal, trata-se de um macho jovem e saudável. De acordo com Thiago, a onça-pintada (Panthera onca) tem hábitos solitários e só se aproxima de outros indivíduos no período reprodutivo. "É importante lembrar que são animais imprescindíveis para manter o equilíbrio dos ecossistemas", afirmou. As manchas únicas ajudam na camuflagem dela no ambiente e diferenciam cada animal dentro da espécie. A onça-pintada é considerada um símbolo nacional de força e poder. Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o animal ocupa o topo da cadeia alimentar e regula o tamanho populacional de outras espécies, garantindo o equilíbrio da natureza. Homem é surpreendido por onça-pintada em São Miguel Arcanjo (SP) Reprodução/Redes sociais ⚫ Padrão único de manchas Ao g1, Godoi explicou que cada onça-pintada possui um padrão único de manchas, ou seja, nenhum animal compartilha o mesmo formato de rosetas. Essa particularidade permite identificar os animais e manter o controle da espécie em áreas de preservação. Além do monitoramento, as marcas também auxiliam em estudos científicos. O biólogo destacou que o interesse pela pelagem é um dos principais fatores que impulsionam a caça ilegal e o tráfico de animais silvestres. No passado, a espécie também era abatida em conflitos com fazendeiros e moradores, que viam a onça como ameaça a animais domésticos, como galinhas e gado. No Brasil, a onça-pintada é considerada vulnerável e corre risco de extinção. O desmatamento e as queimadas estão entre os principais perigos. Godoi reforçou que o animal precisa de áreas extensas para manter seus hábitos naturais. "É necessário adotar várias medidas para frear o risco de extinção, como educação ambiental, combate à caça, criação de corredores ecológicos para interligar habitats e preservação dos biomas", disse. Segundo o especialista, encontrar uma onça-pintada é um privilégio. Ele citou dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que estimam a existência de cerca de 1.300 animais na região do Cerrado e da Mata Atlântica, onde está o Parque Estadual Carlos Botelho, no interior paulista. "No Brasil, a população varia conforme o bioma. Estima-se que existam 55 mil onças-pintadas no país, sendo cerca de 40 mil na Amazônia, 13 mil no Pantanal e o restante distribuído pelas demais regiões", informou. ⚠️ Aproximação dos humanos Thiago também relatou que as onças se aproximam de áreas povoadas em busca de alimento, já que os territórios de caça estão cada vez mais reduzidos. Nessas situações, acabam atacando rebanhos ou animais domésticos. Outro fator que favorece a aproximação é a oferta de comida por moradores. Segundo o biólogo, há casos em que pessoas alimentam os felinos para mantê-los por perto. Godoi orientou que, em caso de encontro com uma onça, o recomendado é manter a calma e não correr, fazer contato visual ou virar de costas. "Pareça maior, faça barulho, não se agache, nem deite. O ser humano não faz parte da dieta desse animal e, na maioria das vezes, ele tende a se afastar", explicou. Durante passeios ou trilhas em áreas de ocorrência da espécie, a recomendação é caminhar em grupos e fazer barulho para sinalizar a presença humana. Caso o animal apareça, não é indicado se aproximar ou tentar tirar fotos. "A beleza deve ser admirada de longe para a segurança de todos", completou o biólogo. Onça-pintada (Panthera onca) fuzzygoat/iNaturalist Onça-pintada é considerada o maior felino das Américas Lucas Eduardo Araújo Silva *Colaborou sob supervisão de Carla Monteiro Veja mais notícias no g1 Itapetininga e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM