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Alvo do governo Trump, Venezuela tem arsenal militar defasado e com problemas; INFOGRÁFICO

Maduro mobiliza milícias na Venezuela em resposta à 'ameaça' americana Pressionada pelos Estados Unidos, a Venezuela de Nicolás Maduro tem um Exército defa...

Alvo do governo Trump, Venezuela tem arsenal militar defasado e com problemas; INFOGRÁFICO
Alvo do governo Trump, Venezuela tem arsenal militar defasado e com problemas; INFOGRÁFICO (Foto: Reprodução)

Maduro mobiliza milícias na Venezuela em resposta à 'ameaça' americana Pressionada pelos Estados Unidos, a Venezuela de Nicolás Maduro tem um Exército defasado, com problemas e limitado por sanções internacionais, de acordo com "Balanço Militar" de 2025, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), a bíblia do assunto no mundo. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O governo do presidente Donald Trump tem dado mostras de que Maduro é o novo alvo dos EUA: Nesta semana, por ordem de Trump, três navios de guerra foram deslocados para o sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, sob a alegação de conter ameaças de cartéis de tráfico de drogas, segundo agências de notícias. Ao responder por que do deslocamento de navios, a porta-voz do governo, Karoline Leavitt, disse nesta terça (19) que Maduro "não é um presidente legítimo", além de ser "fugitivo" e "chefe de cartel narcoterrorista" —e que, por isso, os EUA usariam "toda a força" contra o regime venezuelano. A referência a "fugitivo" se explica pelo fato de os EUA terem colocado, no início de agosto, uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 275 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o presidente venezuelano é acusado de envolvimento em conspiração com o narcoterrorismo, tráfico de drogas, importação de cocaína e uso de armas em apoio a crimes relacionados ao tráfico. Maduro também é apontado pelo governo americano como líder do suposto Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelos EUA como organização terrorista internacional. Em resposta ao envio americano dos navios de guerra, Maduro anunciou mobilização de 4,5 milhões de milicianos para combater o que chamou de "ameaças" dos EUA. Dado o estado atual da escalada de tensões entre os dois países, no entanto, é improvável que o governo Trump realize bombardeios em solo venezuelano, afirmou ao g1 o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard Vitelio Brustolin. Mais do que eventuais ações efetivas, os EUA vem fazendo gestos de pressão contra a Venezuela, diz. (Leia mais abaixo) Segundo o IISS, as Forças Armadas venezuelanas operam com "capacidades restritas" e "problemas de prontidão" por conta de "sanções internacionais, isolamento regional e uma crise econômica de longa data", que nas últimas décadas limitaram a capacidade de comprar armamentos e tecnologia militar. "Sanções internacionais e a crise econômica limitaram significativamente a capacidade do país de obter novas tecnologias militares. (...) Devido à capacidade limitada de aquisição, grande esforço é direcionado a reparos e modernizações de sistemas já existentes, e a Força Aérea e a Marinha enfrentam problemas de prontidão", afirmou o IISS no relatório. Por conta dessas restrições, muita incerteza paira sobre as capacidades militares reais da Venezuela, mesmo com o país tendo alguns equipamentos considerados modernos, segundo Brustolin. Segundo o relatório do think tank, o regime venezuelano tem menos de 0,1% do orçamento de Defesa dos Estados Unidos. Entre os maiores parceiros militares da Venezuela estão a China, a Rússia e o Irã. Veja um resumo do arsenal venezuelano no infográfico, e de forma mais detalhada mais abaixo: Poderio militar da Venezuela. Gui Sousa/Equipe de arte g1 Cinco frentes As Forças Armadas venezuelanas são compostas por cinco frentes: 123 mil soldados distribuídos em Exército (63 mil), Marinha (25,5 mil), Força Aérea (11,5 mil) e Guarda Nacional (23 mil), além de cinco milhões de milicianos, segundo informações do IISS e do governo Maduro. "Os milicianos são pessoas da população, e não profissionais das Forças Armadas, e são normalmente utilizados pelo regime Maduro para reprimir a população", afirmou Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard, ao g1. O orçamento militar da Venezuela destinado à Defesa foi de US$ 640 milhões em 2024 (cerca de R$ 3,5 bilhões). O valor representa 2,5% do orçamento brasileiro planejado para 2025, e 0,07% em relação aos EUA. Apesar de ter alguns caças de modernos, os equipamentos de guerra venezuelanos são considerados, em sua maioria, defasados e de menores porte e capacidade de fogo. Um dos pontos fortes do arsenal de Maduro é a defesa aérea, com sistemas S-300 de alta capacidade de interceptação. O país também utiliza drones de fabricação iraniana, e tem mísseis hipersônicos de curto alcance. Veja abaixo: 844 tanques e blindados; 545 veículos de artilharia; 95 navios de patrulha e combate; 79 jatos, com esquadrões de F-5, F-16 (ambos de fabricação americana e adquiridos nos anos 1980), Su-30 (russo) e K-8W (chinês); 9 helicópteros de ataque; 2 fragatas; 2 submarinos. "As aeronaves sofrem com falta de peças e de orçamento, então não há muita certeza sobre sua condição ou disponibilidade. (...) Parte da flotilha de superfície está imobilizada e obsoleta, e com prontidão incerta", afirmou Vitelio Brustolin. Estima-se que apenas metade dos 24 jatos soviéticos Sukhoi-30, a espinha dorsal da aviação venezuelana, estejam funcionais. Segundo o professor, os reparos de todos os veículos de guerra no país são feitos com peças de outras aeronaves, o que diminui sua capacidade. A Venezuela também possui aeronaves brasileiras em sua frota, chamadas de Tucanos, produzidos pela Embraer. Um esquadrão de 19 aeronaves Tucanas EMB-312, produzidas entre os anos 1980 e 1990, segundo o IISS. No entanto, também não se sabe a condição dessas aeronaves. Avião de caça A-29 Super Tucano: aeronave utilizada para missões de ataque leves, reconhecimento armado e treinamento avançado. SO Johnson/Agência Força Aérea Os três destróieres dos EUA, USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, juntos, têm um poder de fogo maior que a Marina inteira da Venezuela. Cada um dos navios de guerra é equipado com centenas de mísseis multifunções, e até 96 mísseis Tomahawk, de longo alcance e alta precisão. As duas fragatas Mariscal Sucre F-21 do regime Maduro são consideradas antiquadas, assim como os submarinos Sabalo. Além dos veículos de guerra, a Venezuela tem os drones Mohajer 6 e Mohajer 2, fabricados pelo Irã, e iniciou nos últimos anos a produção de um modelo nacional, o Ansu-100, com auxílio da tecnologia iraniana. O Exército venezuelano possui também mísseis de curto alcance de fabricação dos EUA e da Rússia, segundo o IISS. EUA x Venezuela: Trump envia navios de guerra e promete uso de 'toda a força', e Maduro mobiliza milicianos Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters Maduro anunciou na segunda-feira a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que chamou de "ameaças" dos Estados Unidos. A Milícia Bolivariana é composta por aproximadamente 5 milhões de reservistas, segundo dados oficiais. Ela foi criada pelo ex-presidente Hugo Chávez e tornou-se posteriormente um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). O grupo atua como um apoio ao Exército na "defesa da nação". "Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de milicianos, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas" perante "a renovação das ameaças" disse Maduro. "A paz, a tranquilidade e a soberania serão protegidas. (...) Nenhum império tocará a terra sagrada da Venezuela, nenhum império no mundo pode tocar a terra sagrada da América do Sul", acrescentou. O anúncio ocorreu horas após os EUA terem enviado três navios de guerra para a costa da Venezuela para combater o narcotráfico na região, segundo agências de notícias internacionais. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os EUA utilizarão "toda a força" contra o regime Maduro. A ação também serve para aplicar mais pressão sobre Maduro, que teve a recompensa por sua captura dobrada para US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) pelo governo Trump. A presença dos navios, no entanto, tem efeito dissuasório visando o tráfego marítimo ligado ao narcotráfico na região, e um ataque direto em solo venezuelano seria improvável, porque seria algo mais grave e complexo em termos políticos, segundo Vitelio Brustolin. "O que os EUA estão fazendo é emitir um sinal de força e um meio de coerção com capacidade para ataques pontuais, se autorizados, e não uma arquitetura completa de mudança de regime. As ações dos últimos dias ampliam a capacidade de interdição e de ataques de precisão e são ferramentas de pressão, mas não equivalem a uma ordem pública para derrubar o governo da Venezuela", afirmou Brustolin. O pesquisador Vitelio disse ainda que Maduro usa a investida dos EUA para unir a população em torno de uma causa, e que a convocação dos milicianos serve para elevar custos políticos de qualquer ação americana e reforçar prontidão interna na Venezuela. Segundo Maduro, seu plano envolve a mobilização de milícias camponesas e operárias "em todas as fábricas e locais de trabalho do país" e o fornecimento de "mísseis e rifles para a classe trabalhadora, a fim de defender nossa pátria".