Aluno que denunciou agressão sexual por 10 colegas teme voltar à escola estadual em SP: 'Traumatizado'
Polícia investiga estupro contra menino, de 17 anos, (à esq.) dentro de banheiro de escola estadual (à dir.) em Itanhaém (SP) Arquivo Pessoal e Reprodução...

Polícia investiga estupro contra menino, de 17 anos, (à esq.) dentro de banheiro de escola estadual (à dir.) em Itanhaém (SP) Arquivo Pessoal e Reprodução/Instagram O estudante que teve a cueca rasgada por um grupo de aproximadamente 10 alunos, que também teriam passado a mão nas partes íntimas dele dentro do banheiro de uma escola estadual em Itanhaém, no litoral de São Paulo, parou de frequentar as aulas com medo de represálias. A informação foi confirmada ao g1 por uma familiar dele, que preferiu não ser identificada. O menino, de 17 anos, relatou à família que foi abordado na Escola Estadual Professora Silvia Jorge Pollastrini, no bairro Jardim Belas Artes, no último dia 15. O caso foi registrado como estupro na Delegacia Seccional da cidade e é investigado pela Polícia Civil. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. A parente explicou que o adolescente chegou a ir para a escola na segunda-feira (18), mas um suposto vídeo gravado pelos próprios alunos dentro do banheiro teria repercutido entre os estudantes da unidade de ensino. "Estava todo mundo zoando e chamando ele de cuecão. Ali, ele se sentiu oprimido". A familiar afirmou que, desde então, o menino parou de frequentar as aulas. "Eu estou me sentindo um lixo de não poder ajudar [...] Ele está se sentindo acuado. Ele está traumatizado, não quer pegar nem no celular", lamentou a mulher. Apesar da situação, a família não pretende trocar o estudante de unidade de ensino porque ele já está no 2º ano do Ensino Médio. "Não foi ele que fez errado [...] Estamos chegando no final do ano e ele tem a turminha que ele gosta. São turmas que vêm de anos. Então, fora de cogitação", garantiu a parente. Escola 'inerte' Por meio de nota, o advogado Rubson Guimarães Filho, que representa a família, afirmou que a escola "se encontra inerte". "Em nenhum momento foi oferecido tratamento psicológico ao menor, ninguém da escola se comoveu com o acontecido", afirmou o profissional. "O normal após os fatos, seria a diretora da escola ir a uma autoridade policial, que seria a Polícia Civil, para a instauração [de um] inquérito policial para apuração dos fatos. Quem teve que fazer este papel, foi a família fragilizada". Por fim, ele afirmou que tomará as medidas judiciais, como assistente de acusação, na demanda judicial, ou seja, uma ação contra a escola por omissão, levando em consideração não ter dado suporte à família. O que diz a Secretaria de Educação? "A Unidade Regional de Ensino (URE) de São Vicente repudia veementemente o ocorrido e informa que instaurou um procedimento para apurar todas as circunstâncias relacionadas ao caso. O estudante foi acolhido pela equipe gestora da escola, que designou um profissional do programa Psicólogo nas Escolas para acompanhá-lo. A Delegacia Seccional de Itanhaém também investiga o caso. Diligências estão em andamento para o esclarecimento do caso. Em razão da natureza da ocorrência e da proteção legal de menores de idade, mais informações serão preservadas". Caso foi registrado como estupro na Delegacia Seccional de Itanhaém (SP) Divulgação O caso Segundo o boletim de ocorrência, o adolescente foi ao banheiro no fim do intervalo e os alunos entraram atrás dele. A familiar destacou ao g1 que ele não tinha desavenças dentro da unidade de ensino e mal conhecia a maioria dos agressores. De acordo com o BO, o menor relatou que os adolescentes o imobilizaram no chão e puxaram as roupas dele, principalmente a cueca, que chegou a rasgar. Em seguida, os alunos começaram a passar as mãos em todo o corpo, inclusive nas partes íntimas, ainda segundo o relato. O jovem acrescentou ter pedido que parassem, mas a ação durou vários minutos e só teve fim quando o grupo percebeu a aproximação da vice-diretora. Apenas seis participantes foram colocados como "adolescentes infratores" no registro policial porque o menino não sabia o nome dos outros envolvidos. O g1 não localizou a vice-diretora e os responsáveis pelos adolescentes envolvidos. Denúncia O adolescente inicialmente não contou para ninguém. Na ocasião, ele pediu para ir embora da unidade de ensino alegando que havia comido algo que não fez bem. No dia seguinte, o irmão dele, que estuda na mesma escola, contou aos responsáveis que o menino teria tido a cueca rasgada após ser agredido dentro do banheiro. Logo depois, os familiares encontraram a peça íntima em um dos lixos da residência. A família foi até a escola na segunda-feira (18), mas a vice-diretora informou que já sabia sobre o ocorrido e tinha recebido imagens feitas pelos próprios alunos dentro do banheiro. Mais tarde no mesmo dia, a mãe de um outro aluno ligou na escola e contou que os envolvidos não só puxaram a cueca, como também passaram as mãos nas partes íntimas do menino. O que acontece quando um menor comete ato considerado crime? Investigações Conforme relatado no BO, a vice-diretora comunicou os pais de alguns dos alunos envolvidos e orientou os responsáveis pela vítima a procurarem uma delegacia. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como estupro na segunda-feira. Ainda de acordo com a secretaria, a Delegacia Seccional de Itanhaém realiza diligências para o esclarecimento dos fatos. "Detalhes serão preservados devido a natureza da ocorrência e por envolver menores de idade", disse a SSP-SP. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos